Wednesday, February 10, 2016

CONECTANDO OS ELOS DA CADEIA PRODUTIVA

Daniel Meyer

Publicado no Dinheiro Rural 04.02.2016
Já tentou imaginar o Brasil sem agricultores? Não é fácil, porque a arte de produzir alimentos sempre acompanhou a nossa história, a demografia populacional, a diversidade cultural. Além da profissão ser indispensável para o desenvolvimento da economia e o nosso bem-estar.
O que a sociedade seria sem supermercados, as padarias, as peixarias e os açougues, restaurantes, cafés, food-trucks, entre outros. A resposta é simples: não teríamos mantimentos ou nutrientes necessários para viver uma vida descontraída, conveniente e digna, muito menos roupas para usar ou energia para trabalhar.
Entretanto, a maior parte dos brasileiros não possui nenhuma relação direta com produtores rurais ou com a produção dos alimentos que consumimos. De acordo IBGE, mais de 80% da população brasileira vive hoje em cidades, a maior parte delas acima de 350 mil habitantes. O fato é que maior parte de nós já está há três gerações afastada de uma vida que envolve atividades agropecuárias.
Hoje, a única informação que diretamente liga os produtores rurais com os consumidores são as embalagens expressivas dos produtos e o preço - basta olhar para o anúncio de um jornal típico de um supermercado. De certa forma, com a urbanização as nossas opções alimentares têm aumentado, mas a diversidade da oferta, no supermercado, no restaurante, ou na mesa de jantar, ocasionou em novos dilemas, sobretudo: o que comer?
Apesar da desaceleração da economia brasileira em 2015, se estima que a demanda mundial de alimentos crescerá pelo menos 20% nos próximos 10 anos. Com abundância de terras agrícolas, o Brasil está em uma posição favorável, embora, o desafio agora é múltiplo; a produção terá de crescer significativamente, enquanto, ao mesmo tempo, temos de diminuir a nossa pegada ecológica e promover o consumo responsável, para agir com sustentabilidade.
Nesse sentido, como produzimos e o que comemos determinará em grande parte o uso que faremos do nosso entorno e o que será dele.
A necessidade de ligar os elos das cadeias de suprimentos e criar sistemas agroalimentares conectados, com transparência e responsabilidade, será fundamental para vencer os desafios da sustentabilidade. Isso também é possível com ajuda de plataformas transversais e sistemas de certificação, que buscam promover a comercialização sustentável de produtos agrícolas dentro das cadeias produtivas.
Tais iniciativas, como a Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS), Forest Stewardship Council (FSC), UZT e outras certificações, têm abraçado a complexidade dos sistemas agroalimentares e criado novas vias para o nosso alimento. Valorizando todo o sistema agroalimentar, conectando produtores rurais com varejistas e consumidores e permitindo decisões conscientes com produtos de qualidade e valor agregado.
Com mais de uma década de implantação as iniciativas têm incluído centenas de empreendimentos certificados abrangendo milhões de hectares pelo país, protegendo florestas e incentivando boas práticas agrícolas, ajudando a realizar uma transição mais ampla para o desenvolvimento rural sustentável no Brasil.

Monday, January 25, 2016

CONFIRA minha entrevista sobre Mudanças Climáticas no Brasil com a Sociedade Nacional de Agricultura (SNA)


Aquecimento global é o grande desafio da agricultura

Publicado em 11/01/2016 (http://sna.agr.br/aquecimento-global-e-o-grande-desafio-da-agricultura/)


O aquecimento global é um dos grandes desafios que o Brasil e o mundo enfrentam hoje e impactará na agricultura de várias formas e escalas, algumas positivas e outras negativas. O alerta é do gerente de Desenvolvimento de Mercado Daniel Meyer, da Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS). Segundo ele, entre os principais perigos está o aparecimento de condições meteorológicas cada vez mais incertas e extremas.
“Por exemplo, temperaturas mais elevadas aumentam a energia do sistema climático planetário, intensificando as secas e catalisando incêndios florestais, mas também criam tempestades e chuvas mais pesadas, tornando-as potencialmente mais destrutivas, trazendo perdas e custos para o produtor rural”, diz Meyer.
O primeiro semestre do ano passado teve uma temperatura de 0,85ºC acima da média global e foi o mais quente desde 1880, de acordo com a agência norteamericana The National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA)que atua no setor de de pesquisas atmosféricas e oceânicas. Esta tendência está atualmente sendo reforçada pelo fenômeno El Niño – causado pelo aquecimento das águas no Oceano Pacífico.
As consequências no Brasil têm sido temperaturas mais elevadas no Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste e uma situação de calamidade no sul, causada pelas intensas e constantes chuvas.
O IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) alerta que, para garantir a conservação da vida no planeta, da maneira como é conhecida hoje, é preciso manter o aumento da temperatura abaixo dos 2°C até 2100. A meta exigirá mudanças de hábitos e reduções drásticas de emissões de gases de efeito estufa por parte de vários países e setores.
A notícia boa é que, de acordo com o gerente da RTRS, ao longo da sua história a agricultura sempre foi submetida aos perigos climáticos, mas mesmo assim conseguiu evoluir. De tal modo, o impacto do aquecimento global vai depender do próprio “choque” e a resiliência do sistema produtivo em questão. Reduzir a vulnerabilidade dos nossos sistemas agroalimentares e reforçar a sua capacidade de adaptação será uma tarefa essencial para qualquer política de desenvolvimento agrícola.

BRASIL
Tem sido amplamente reconhecido que países em desenvolvimento estão em posição de perder mais com o aquecimento global, explica Meyer, acrescentando que danos e custos serão geralmente superiores em regiões sem capacitação e preparo, e em áreas mais quentes onde as temperaturas já tendem a estar perto de níveis de tolerância das culturas.
“Conforme o último estudo elaborado pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) em parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e o Banco Mundial, o Brasil já perde 1% de crescimento do PIB agrícola (Produto Interno bruto), anualmente, por riscos extremos, como secas, tempestades, pragas e doenças, entre outros”, ressalta o gerente da RTRS.
Ele salienta que “não resta dúvida de que, durante as últimas décadas, a agricultura brasileira também arquitetou uma história de sucesso”. “Além de já ser atualmente um dos maiores produtores mundiais de alimentos, com agricultores persistentes, dinâmicos e competitivos, que se auxiliam da ciência e da tecnologia no seu dia a dia, o Brasil conseguiu um fato histórico – desde 2004 reduziu em 70% o desmatamento na sua fronteira agrícola (Amazônia) e evitou a emissão de mais de 3 Gt de CO2 para a atmosfera.”
Meyer ainda destaca que “o Brasil ainda tem 530 milhões de hectares (62% do seu território) cobertos com vegetação nativa”. “Esta vasta cobertura florestal ajuda mitigar alguns dos perigos relacionados com o aquecimento global, como a redução da erosão, a manutenção do regime de chuvas e sequestro de carbono.”
Por outro lado, ele garante que ainda falta muito que fazer no Brasil. E cita o novo Código Florestal (implantado no ano passado) e o Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono) que, a seu ver, trazem várias possibilidades, “mas a sua implementação tem de ser imediata”.
“Não podemos estabelecer metas sobre recuperação de áreas degradadas, redução de gases de efeito estufa ou acabar com desmatamento ilegal, para serem cumpridas só daqui a 15, 20 anos. A lei, as ações e os recursos devem ser regulamentadas e aplicadas imediatamente, de forma mais abrangente e menos burocrática possível.”

FINANCIAMENTO
Para ele, “é preciso reinventar a política ambiental e os mecanismos de financiamento”. “Hoje, a maior parte do financiamento no Brasil, para projetos relacionados com as mudanças climáticas, é formado quase que exclusivamente por doações dos governos da Noruega e Alemanha. Só 12% do total, ou US$ 6,6 milhões, são recursos do governo brasileiro.”
Neste sentido, ele afirma que Brasil precisa criar novas instituições e incentivos econômicos inovadores, principalmente no campo como, por exemplo, a RTRS, “e outros esquemas de certificação que estão fazendo, apoiando diretamente propriedades rurais e regiões que já estão fazendo a sua parte ou que tenham interesse em aderir ao novo movimento”.
Por último, segundo Meyer, as empresas e instituições financeiras brasileiras precisam avançar bastante na gestão de risco, na prevenção e no alerta dentro das nossas cadeias produtivas.
“Muito se fala do sucesso e da sustentabilidade dentro da porteira, mas pouco da fragilidade e a resiliência dos nossos sistemas agroalimentares. Os impactos do aquecimento global ocorrem em diversas escalas e podem criar efeitos dominós”, alerta.
Ele explica que “uma seca prolongada numa região pode reduzir a disponibilidade de água e pastagem aumentando a demanda por suplementação e insumos, que aumenta os preços e força os proprietários a vender, ou mover, seu gado”. “Consequentemente, o ingresso daquela região vai ser menor e o preço do alimento maior, e por aí segue.”
Por isto, acentua, “será fundamental entender melhor se as nossas cadeias produtivas realmente estão preparadas para as futuras surpresas climáticas e quais seriam as áreas de maior e menor risco para todos os envolvidos na cadeia de produção”.

AGRICULTURA INTELIGENTE
Meyer destaca a importância de agricultura climaticamente inteligente, que tem como objetivo reforçar a capacidade do produtor rural em mitigar e se adaptar às alterações climáticas e, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade agrícola e a renda do produtor.
“As práticas agrícolas climaticamente inteligentes devem buscar a redução de gases de efeito estufa, o que exige mudanças de práticas, novos sistemas de produção, incluindo mais eficiência no uso dos recursos naturais, implementação de energias limpas, preservação de florestas e aumento do sequestro de carbono”, esclarece.
Como a agricultura contribui com aproximadamente 30% das emissões globais, diz Meyer, a RTRS usa como um dos seus critérios de produção a redução gradual dos gases de efeito estufa dentro da propriedade. Existem também outros critérios de mitigação e adaptação inter-relacionados como a gestão integrada, a rotação de culturas e requerimentos sistemáticas dentro da cadeia de abastecimento.
“A RTRS é mais que um padrão. Ela é uma associação internacional com a missão de promover, produzir e comercializar a soja de forma sustentável dentro da cadeia de custódia. Uma plataforma transversal, com quase 200 membros, muitos deles com projetos exclusivos, que buscam desenvolver estratégias e soluções para mitigar o aquecimento global dentro da cadeia de abastecimento da soja. Acreditamos assim que todos devem ser parte da solução.”

COP 21
Membros da diretoria da RTRS estiveram presentes na COP21 em Paris, como representantes da Earth Innovation Institute, WWF, Solidaridad, entre outros, participando das discussões sobre como o desenvolvimento rural pode mitigar e se adaptar aos desafios das mudanças climáticas.
Também foi discutido como financiadores, governos e empresas podem melhorar a coordenação com as organizações locais e agricultores na cadeia de abastecimento, reforçando a importância das iniciativas público-privadas, a gestão territorial e a certificação como parte das soluções.
Entre os principais pontos acatados na COP21, Meyer destaca o consenso político global para enfrentar os desafios em não atingir um aumento da temperatura global em dois graus célsius. “Tal aumento contém riscos significativos para a agricultura, sistemas produtivos e os ecossistemas, já que pode desencadear retroalimentações potencialmente perigosas que aceleram o aquecimento.
Na opinião do gerente da RTRS, “a COP21 mostrou que existe uma vontade política de fazer uma ponte com a ciência, bem como um interesse em experimentar diferentes maneiras de financiar e trabalhar os desafios relacionados com as mudanças climáticas”.
Por equipe SNA/SP

Monday, April 6, 2015

Winter is coming

After over a month of rain and favorable conditions, the Cantareira System has recovered somewhat. During the first week of April 2015, the reservoir was already at 19.3% of its reserve capacity. ANA and SABESP pointed out in December 2014, with a conservative estimate, the Cantareira System would reach 97.4 million cubic meters in April 2015. It is a little strange to estimate rainfall patterns and water volumes four months in advance for complex phenomena, and as we can see, they were completely wrong. The stored water volume has now reached 183.5 million cubic meters, and fortunately, this is a sigh of relief to Sao Paulo.

The question going into every mind is clear: we are finally back to normal?

I think we cannot know the answer to that question. For complex systems we cannot know what will happen or predict the future. What we know is that winter is coming (a recall for Games of Thrones theme alert and constant surveillance), and winter in Sao Paulo is a 6 month dry season. The other thing we know is that São Paulo water management is weak, making decisions on bad science and leaving the higher political pressure influence their actions. I rarely doubt that this combination will help solve this water crisis. What we need is less politics, less talking in media, less promises, and more serious preparation, more serious investments, more research and more stakeholder and consumer engagement to the future challenges that are to come...  

Monday, January 26, 2015

Before water collapse (in São Paulo)?

After a very dry 2014, summer rains and storms have started to hit São Paulo. During the last weeks of December and first weeks of January the Cantareira System recorded its first water level increases since April 16. The State Government and Sabesp - the water management company - could finally breathe out when reservoirs began to increase their levels of water. As rains continued non stop, national TV and newsletters even started to say that the summer drought that haunted Sao Paulo region during 2014 was not to be repeated this year. The rain and storms did not only came as a blessing, they also overflowed rivers, streams and downed threes, disrupted electrical lines, created traffic jams and so one in the metropolitan areas of São Paulo. It was a hard kick off of the new year for the São Paulo citizen. And to make things even worse, during the second half of January the rains and storms suddenly stopped. During the last two weeks it has been dry again in the Sao Paulo region. Consequently water levels of the Cantareira system has been going down, and is now at 5.1%. Some expert mean that the decision taken during the next months will be decisive to the city and the regions future.


Sabesp pumping up the technical reserve (dead volume)
Photo Daniel Meyer
So what is happening here? 

Experts such as Meehl et al. 2009 means that these wicked events are part of a new pattern of more extreme weather across the globe, shaped in part by human-induced climate change. As the climate has warmed, some types of extreme weather have become more frequent and severe in recent decades, with increases in extreme heat and drought. Heat waves are longer and hotter. Heavy rains and flooding are more frequent as well as drought In a wide swing between extremes. The extreme weather events are part of the increase in the variability of key components of Sao Paulo’s social ecological system. 

If this is an effect of Climate Change could be discussed, but these wicked warning signals are important indicators for today’s water managers in São Paulo, and I think it is clear that the city is moving into a regime shift. A regime shift is a large, sudden, and most of the time unpredictable change in a system. Once it occurs, a new regime is established that can be hard to reverse. Nevertheless, the government and the water management company Sebesp seems to follow the same old logic as during 2014, they want to prevent a regime shift at any cost. The government is now admitting for the first time there is water rationing in the state and will start implement water rotation and reduce pressure for certain city areas. And Sabesp is starting the planning of the use of a third dead volume. The third dead volume cote will correspond to 41 billion liters of water. Some say its the last reserve available.

Government agencies work under political pressure, but history has learned us that politics usually work against innovative change and for status quo. However, the short-time actions proposed by the government and Sabesp could paradoxically lead to sever consequences and even push the whole system further away from a desirable outcome. Technically, water rotation is complicated, because the lack of water in the network facilitates increase the risk of  contamination. And the use of a third dead volume will just make local ecosystem fade further, and make the water quality for citizens poorer. 

What is needed here is much more innovative action, private investment and civil society engagment, which should involve many more institutions than just the government. However, this is not happening at the scale needed, as most are still looking up at the sky for the rains.

Source: Gerald A. Meehl, Lisa Goddard, James Murphy, Ronald J. Stouffer, George Boer, Gokhan Danabasoglu, Keith Dixon, Marco A. Giorgetta, Arthur M. Greene, Ed Hawkins, Gabriele Hegerl, David Karoly, Noel Keenlyside, Masahide Kimoto, Ben Kirtman, Antonio Navarra, Roger Pulwarty, Doug Smith, Detlef Stammer, and Timothy Stockdale, 2009: Decadal Prediction. Bull. Amer. Meteor. Soc., 90, 1467–1485.

Friday, December 5, 2014

The mismatches in scale between the water management agencies and the Cantareira system in Brazil


Sao Paulo is currently facing the severest drought in 80 years, with supply interruptions in the metropolitan area, rationing and dwindling water reserves. Since my last post 3 week ago precipitation have increased a little bit in the region. In November it rained around 135 mm in the Cantareira region (in October it rained 42,5 mm), but still a bit under the annual month average of 161 mm, becoming the tenth month below the average during the year. It is the eighth consecutive month with rainfall lower than expected.

Although this post is not only about the lack of rain, instead, I will here mainly discuss the scale mismatches between the water management agencies and the Cantareira system as an important factor to understand this crises. Cumming et al stated already in 2006 that scale mismatches result from changes in either the scale of environmental variation, the scale of the social organization responsible for management, or both. In other words, they can arise from the internal dynamics of social and ecological systems respectively, or from the dynamics of the social-ecological interaction. As we can see in this case the social system (Sao Paulo) is experiencing water disruptions. People and industries are complaining about lack of water supply and bad quality of water. On the other side, precipitation and rain levels are showing anomalies, not filling up the water levels of the Cantareira system. So which are the mismatches leading to this?

The first mismatch 
Sabesp supplying fossil fuel to pump out
water from one reservoir to another
Sao Paulos water management infrastructure, plans and solutions are old and insufficient to the efforts that are now needed. Sabesp have largely focused on smaller scales (in and around Sao Paulo), trying to control specific input and output variables of surface water, rather than focusing on the entire precipitation and consumption system that stretch far away from its jurisdictionary approach.

The second mismatch 
Precipitation levels in the region have always been cyclical, not linear, and disturbance has been an important part of development of the regions biophysical system. The Cantareira System was supposed to handle this by a series of different reservoirs located in different regions, supplying each other in time of crises. However, with the increase in the scale of consumption and environmental variation, Sao Paulos water management simple cannot take into account disturbance anymore. 

The third mismatch 
The state and the federal agencies have been the major actors involved so far, constantly exchanging and debating of what should be done, and releasing accusations over what have not been done. This approach, with no actually platform for dialogue with other stakeholders, such as rural producers and NGOs that work more directly on the field, is a sever mismatch that needs to be resolved.

Concluding, the scale mismatches is part of a broader problem of developing flexible learning institutions that can change and adapt to a changing environment. This is something that is not happening in Sao Paulo. Water management institutions have not show any signals that they what to change their approach on the crises. The Federal National Water Agency (ANA) recently gave Sabesp the authorisation to withdraw further 30 million cubic meters (m³) of water from the Cantareira system technical reserve (which I talked about in my last post). ANA also pointed out that Sabesp will use a "conservative forecasts of stream flow" which will let the system to reach 97.4 million cubic meters in April 30, 2015. We'll, lets see what happens when we meet that date!

Source: Cumming, G. S., D. H. M. Cumming, and C. L. Redman. 2006. Scale mismatches in social-ecological systems: causes, consequences, and solutions . Ecology and Society 11(1): 14. [online] URL: http://www.ecologyandsociety.org/vol11/iss1/art14/


Monday, November 17, 2014

Water crises in São Paulo, Brazil

                                                                   
Me visiting one area of the dry reservoirs outside Sao Paulo
end of October, 2014. Photo Daniel Meyer
This blog starts with a subject of vital importance for life: Water. 

During one of my recent working trips to the city of São Paulo (end of October) I took the chance to visit the outskirts of this large metropolitan city. I wanted to take a look, and some photos, of its water supply system - Sistema Cantareira (Cantareira system), featuring declining water levels due to a 13-month drought. Composed by a series of different reservoirs and tunnels, the system was constructed in the 60-70ths to satisfy the needs of an expanding urban population and a growing industry. It’s according to many specialists one of the most efficient and modern water supply systems in the world. 

A dock without
its boat.
Photo Daniel Meyer
The south-eastern region of Brazil is, however, experiencing its worst drought in 80 years and this is taking a hit on the Cantareira system. Rain has been very scarce during 2014. Seven months have passed without the system registering any increase in water levels. The last time the reservoirs volume increased was on April 16. On occasion, the reservoirs rose from 12% to 12.3%. With rain up to 70% below average during the last summer (rain season in the State of Sao Paulo), the water level of Cantareira system has now reached critical levels. If the precipitation anomaly repeats itself this summer (December – March) there is a great risk of a collapse in Brazils largest city.

Already in May this year the situation was alarming, with water levels dropping to 8.2%. At that time, and in order to avoid rationing, the state water utility Sabesp (joint venture between (50.26%) the state of São Paulo, (25.5%) Bovespa Bank and (24.2%) the New York Stock Exchange) - spent 80 million reais ($33.6 million) to tap so-called technical reserves (water below the level tapped through gravity)

Sabesp pumping up the technical reserve (dead volume)
Photo Daniel Meyer
Despite this measure, in November, almost all reservoirs were showing a decrease of 0.2% per day. And at least 60% of residents of São Paulo have complained of lower flows from their taps during the past months. Schools and hospitals, and even some industries, have started to slow down their activities. Moreover, the technical reserve has been entitled by environmentalist as a ”dead volume” as it contains sediment pollution and heavy metals.

But how could it be that water reservoirs of one of the world largest cities are turning out into a dried-up bed of cracked earth? Some interlinked factors have been raised to explain the water crises:

- To much consumption and dependency on stable rain patterns
Low levels of one of the reservoirs. Photo Daniel Meyer
Its not news that São Paulo metropolitan area, with its 20 million inhabitants, major financial centres and powerful and energy consuming industries, is a very high water consumer. Consequently, it’s very dependent on the summer rains to fill up its reservoirs, as during the winter (dry season), water demand is much greater than water supply. 

- Management problem
The state government and its joint partners seems definitely to have failed in measures and preventive actions of this water crisis. The major measures taken so far is to give consumers a "bill discount" for those who reduce their water use, as well as pump up water reserves. Furthermore, 10 years ago, when permission to withdraw water Cantareira was renewed, the contract demanded the creation of alternatives. However, according to recent investigations, the company that manage Cantareira continued to withdraw the same amount of water from the system without creating new investments in other areas. Moreover, according to some studies, there are many water leakages in the city pipes, and most of the São Paulos sewage is not even treated (according to some studies 64 cubic meters of sewage is produced per second by the city, while only 33 m³ / s is treated).

- Deforestation and flying rivers
The State of São Paulo is basically formed by the Atlantic Forest and Cerrado biomes which help regulate amounts of moisture in the air. Most of its natural vegetation and forest has however been deforested since the arrival of europeans, mainly due to agriculture activities such as coffee, pastures and sugar cane. Today the landscape in the region is very fragmentised and show large deficit of forest areas (in violation to the environmental law). Another theory, launched in 2009, by the scientist Antonio Nobre from the Center for Earth System Science - CCST / INPE, warned that decades of deforestation in the far away Amazon forest could also be interfering with amounts of moisture in the air, as the Amazon forest function as a giant water pump which generates large amounts of water which circulates in the west and south of Brazil. Without these "flying rivers" Noble said, the area responsible for 70% of the GDP of South America could effectively become a desert.

Dry parts of one of the reservoirs.
Photo Daniel Meyer
Concluding, taken into consideration that São Paulo is one of the most populous (20 million) metropolitan areas in the world, and is the engine of Brazil's economy with a water depent industry (agriculture, food and fibre, car and truck manufactures etc.), a complete water rationing here would probably have unimaginable consequences. Such situation has however not yet appeared and water is still available in and around the city. But with the reservoirs (water levels currently at 10%) showing a decrease of 0.2% per day, and with 60 % of residents having experienced at least one outage in the last months, you don't need rocket science to understand what might be looming in the horizon. The passive stance, however, taken by authorities until now (bill discount for less consumption and pumping up water reserves) shows that politicians are still betting that this 13-month drought is part of a shorter cyclic phenomenon, putting their hope on the upcoming summer rains. Despite, what we need here are much more comprehensive and innovative actions, stretching far away from the boarders of the Cantareira system and old water management paradigms.

Finally, driving back from the Cantareira system, 
I found out that my rented car was full of dirt from the muddy roads along the reservoirs. At the car rental office the manager told me it was ok as they were only using wet cloths to clean the cares due to water consumption restriction imposed by the company. At least a glimpse of hope I guess. 

Check out the Cantareira System water levels by accessing Sabesp homepage:<http://site.sabesp.com.br/site/Default.aspx>